sexta-feira, 20 de março de 2009

Caps... o quê?


Essa crônica estava guardada. Achei que para abrir caminhos e dar uma ingrenada neste blog que amo fazer ela seria perfeita. Então vai!

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Para alguns, elas servem no combate ao mau olhado. Para muitos, é tempero essencial no acarajé, caldinho, pirão, sarapatel... Toque especial em iguarias bem brasileiras. Mas, para pouquíssimos, as pimentas são razões de vida, gratidão. É assim que os frutinhos ardidos são considerados pela capsicóloga Carmem Coutinho. Capsi... o quê? Pois é, o grande envolvimento dessa pernambucana com as pimentas fez até ela criar um denominação para seu empenho, estudo e admiração aos tipos dessa especiaria. Capsium (do latim, gênero das pimentas ardidas) se junta ao óloga (estudiosa). Realmente essa Carmem, com uma profissão tão específica e detentora de uma paixão incomum, não é uma pessoa como as outras. E sua própria história de vida explica porque é diferente.


Há 56 anos, nasceu hiper-matura, após 11 meses de gestação. Veio ao mundo com sinusite catarral crônica, problema de visão, rosto deformado pela deficiente respiração. Passou por uma toxoplasmose, paralisia intestinal, incontinência urinária até chegar, já adulta, a receber o diagnóstico de que estaria tetraplégica. Mas, diante da dificuldade que assusta qualquer ser humano, lembrou de um dia feliz.


Quando tinha onze anos, experimentou pela primeira vez, no Centro do Recife, bolinhos miúdos de feijão fradinho, o popular acarajé. Colocou pimenta e devorou 26 deles. Jamais esqueceu aquele ardor e, para a menina que não comia nada além de carne assada, arroz e batatas, a pimenta deu disposição para outras experiências gastronômicas. "Depois que comecei a comer pimenta, fiquei curada da sinusite. Quando veio a paralisia, passei a ingerir pimenta todos os dias e fiquei totalmente curada", garante. Hoje em dia, Carmem come pimenta até na colher. Numa única esfirra, chega a colocar três colheres de sopa da conserva natural, que produz com pimenta malagueta. Não há quem tire de sua cabeça que suas "amigas-pimentas" curam qualquer doença - com exceção de labirintite e edema de glote, segundo ela.


São segredos de longevidade, a exemplo de sua tia, Zazá, que, como ela, come pimenta todos os dias e já vai com 98 anos de saúde e lucidez. "Quanto mais ardidas, mais eficazes", garante a capsicóloga. Suas pimentas, da marca Brasil Pimentas e Derivados, são produzidas artesanalmente em um tranqüilo sítio na zona rural de Olinda. Sem corantes, conservantes ou qualquer outro aditivo químico, as pimentas de Carmem vêm ganhando admiradores nos últimos três anos.


Essa vai sem receita. Afinal, pimenta é pimenta e, para quem gosta, cai bem até em pastel!

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Aline, estava sentindo falta dos seus posts. Também admiro muito pimenta, apesar de não usa-la como remédio.
Agora faltou onde podemos encontrar as pimentas artesanais da "Brasil Pimentas e Derivados" (em Recife)